Pesquisadores participam da delegação brasileira na COFO25
De 5 a 9 de outubro aconteceu a 25ª sessão da Committee on Forestry (Comissão de Florestas da FAO - COFO), o órgão estatutário mais alto da FAO Florestal. A reunião ocorreu de forma virtual, quando foram discutidos 14 documentos, com temas que abordaram desde o próximo Congresso Mundial da FAO, que acontecerá em maio de 2021, até a relação entre florestas e agricultura, e diversas discussões envolvendo relações multilaterais. Em apoio à delegação brasileira, participaram do Comitê Científico servidores da Embrapa, do Serviço Florestal Brasileiro, e do próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, cada um contribuindo na sua esfera de competência, além de representantes de outros órgãos públicos.
A contribuição da Embrapa na delegação foi de indicar assessores científicos para subsidiarem as discussões, com representantes da pesquisa florestal e também do portfólio florestal. Foram indicados os pesquisadores Yeda Malheiros de Oliveira, Valderes de Sousa, José Mauro Moreira e Erich Schaitza, da Embrapa Florestas; Luiz Fernando Duarte Moraes, da Embrapa Agrobiologia; e Maria Jose Amstalden Moraes Sampaio e Marcelo Freitas, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas. “As discussões sempre acontecem em função das diferentes agendas dos países em relação às florestas em geral. Assim, a função de um assessor científico é a de contribuir com a argumentação dos diplomatas nos temas discutidos”, explica Yeda Oliveira. “Há temas delicados, que são tratados com cuidado pelos diplomatas. Neste ponto, entram os assessores, por exemplo, com dados, informações e resultados científicos que podem embasar a discussão”, completa.
Como funcionam as discussões
É um trabalho que envolve resultados científicos, posicionamento e relações diplomáticas. Os documentos em discussão são disponibilizados no site do COFO com antecedência e, neste caso, durante as semanas que antecedem o evento, cada delegação discute e analisa em quais documentos existiriam pontos conflitantes para os interesses do seu país.
“O Brasil tem um grupo de diplomatas do Ministério das Relações Exteriores (MRE) lotado na FAO - a REBRASFAO”, explica Yeda. “O grupo é composto por um Embaixador e equipe. Por conta da pandemia, as conversas de preparação foram feitas de forma online. A cada um dos 14 documentos discutidos, a interferência brasileira previamente discutida e escrita era transferida ao grupo, para leitura e considerações”. Uma semana antes do evento, uma reunião virtual discutiu um documento prévio, escrito pelo MRE, com as impressões sobre cada documento, para análise da REBRASFAO. Já durante o evento, a equipe REBRASFAO conversa com o Embaixador, que se pronuncia verbalmente, por solicitação, perante os demais países.
Devido ao fuso horário, para os membros da delegação que estavam no Brasil, trabalhos eram iniciados às 4 ou 5 horas da manhã. “O sistema de transmissão montado pela FAO foi muito eficiente, permitindo aos participantes acompanhar as discussões dos participantes dos países nos 6 idiomas oficiais da FAO, com tradução simultânea”, conta Yeda.
Um pouco das discussões
As discussões sobre a temática florestal crescem em importância a cada ano. Por isso, a importância do embasamento científico e do trabalho articulado entre instituições. José Mauro Moreira conta que percebeu uma preparação muito forte do REBRASFAO do Brasil na discussão, e uma posição de cuidar dos interesses do país. “Mas buscando sempre uma forma de consulta e convergência das opiniões no Comitê. Foi um grande aprendizado”, analisa.
O pesquisador exemplifica que “foram feitas discussões, análises e esclarecimentos em relação a conceitos de restauração florestal e sua aderência e/ou convergência a movimentos científicos internacionais nas áreas de restauração florestal, adaptação e mitigação à mudança climática, desmatamento, sistemas agroflorestais e manejo florestal sustentável, passando pelo apoio a sistemas sustentáveis de produção e a busca por dietas mais saudáveis e nutritivas, uma vez que o foco da FAO é alimentação”. Em sua percepção, o pesquisador analisa que “precisamos internacionalizar mais o conhecimento, inclusive para verificar lacunas existentes de forma a orientar a pesquisa na geração de dados de qualidade que possam fortalecer a posição do Brasil”.
O que é a COFO
Segundo infos do site da FAO, “as sessões bienais do COFO (realizadas na sede da FAO em Roma, Itália) reúnem chefes de serviços florestais e outros altos funcionários de governo para identificar políticas emergentes e questões técnicas, buscar soluções e aconselhar a FAO e outros sobre ações apropriadas. Outras organizações internacionais e, cada vez mais, grupos não governamentais participam do COFO. A participação no COFO está aberta a todos os países membros da FAO”.
Fonte: Embrapa