Futuro exigirá mudanças na produção de alimentos, diz Moretti no fórum com países árabes
No cenário do mundial do pós-pandemia, para que haja saúde e segurança alimentar para a população dos países, será necessária a adoção de novos conceitos na produção de alimentos. Eles serão baseados em 4 “S”: na sanidade animal, na saúde humana, na segurança dos alimentos e na sustentabilidade. O alerta foi feito pelo presidente da Embrapa, Celso Moretti, durante o Fórum Econômico Brasil e Países Árabes, nesta quarta-feira, dia 21.
O evento foi promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, a partir do tema O Futuro é Agora”. Virtual, o encontro reuniu representantes do setor público, líderes dos países e instituições, como câmaras de comércio e empresas.
“As perspectivas futuras vão demandar muitas mudanças, porque estaremos diante de uma realidade diferente em termos populacionais, urbanização, longevidade, padrões de consumo”, disse Moretti. “Será necessário definir estratégias que garantam a sustentabilidade em uma realidade que exigirá 35% a mais de alimento, 40% de energia e 50% de água, para alimentar 8,5 bilhões de pessoas no planeta”. Ele destacou o papel da pesquisa agropecuária, concentrada no desenvolvimento de metas sustentáveis. Também falou sobre a importância da ciência em estudos relacionados à edição genômica, gestão de risco, intensificação sustentável, agricultura 4.0 e convergências tecnológicas.
Moretti abordou a trajetória de transformação da agricultura brasileira nos últimos 50 anos: “a Embrapa e as instituições de pesquisa agropecuária foram capazes de desafiar as limitações características no cinturão tropical do globo e consolidar um padrão de produtividade sem precedentes”.
O presidente se referiu aos encontros com delegações e visitas aos Emirados Árabes Unidos, onde, segundo explicou, foi possível constatar enormes oportunidades de cooperação em diferentes áreas.
Ao lado do diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRA), do Marrocos, Faouzi Bekkaoui, o presidente da Embrapa participou do painel Segurança alimentar: uma parceria estratégica entre Brasil e o mundo árabe.
Comércio com qualidade
Da abertura do terceiro dia de programação do Fórum Econômico Brasil e Países Árabes, esteve presente a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina. Ela destacou a aproximação estratégica entre as nações: “o tema desse encontro não poderia ser mais importante. A pandemia pôs à prova os limites dos sistemas alimentares e a relação de interdependência entre saúde e alimentação”, disse. Para ela, os produtos brasileiros estão adaptados aos padrões dos países árabes, o que reforça o potencial de crescimento do comércio agrícola, baseado na qualidade.
Na opinião da ministra, na relação do Brasil com os países árabes, além do crescimento das exportações, existem condições de aumento de fornecimento de produtos, como algodão, cacau, frutas frestas e cítricos. Tereza Cristina disse que nas visitas que fez ao Egito, Arábia Saudita, Kwait e Emirados Árabes, comprovou as oportunidades de interação e investimentos internacionais.
O vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Ruy Carlos Cury, chamou a atenção sobre o protagonismo do Brasil no fornecimento de alimentos aos 420 milhões de pessoas que moram nos países da Liga Árabe. “É uma responsabilidade muito grande garantir que diariamente a população tenha alimentos de qualidade, saudáveis e produzidos por um processo de fabricação que respeita as crenças do Islamismo, com certificação halal”, explicou.
Cury disse ainda que, apesar dos desafios da pandemia, quando algumas cadeias produtivas enfrentaram certa indisponibilidade, os problemas foram contornados e não houve desabastecimento. “Isso só comprova a solidez do agronegócio brasileiro e a parceria comercial entre os países”, concluiu, destacando a necessidade de estreitar ainda mais as relações que vão dar visibilidade às oportunidades existentes principalmente na área alimentar.
Para a ministra de Estado de Segurança Alimentar dos Emirados Árabes Unidos, Mariam bint Mohammed Al Mheiri, apesar do histórico e da consolidação da cooperação, há inúmeras oportunidades em áreas emergentes e promissoras da segurança alimentar e das tecnologias agrícolas, as agritechs. “A pandemia trouxe novas motivações nesse sentido”, disse, lembrando que a agritech está se tornando um componente cada vez mais importante na agricultura brasileira, em função das restrições de transporte por conta da Covid 19. Segundo ela, a colaboração e a cooperação entre o Brasil e os Emirados Árabes unidos promovem o compartilhamento do conhecimento e da experiência.
A ministra destacou o trabalho desenvolvido pela Embrapa, que esteve em seu país em janeiro deste ano, resultando no estabelecimento de um programa de pesquisa conjunto na área da pecuária. “O empreendedorismo tem enormes condições de sucesso no setor agrícola. Há tecnologias de ponta sendo usadas pelas startups, e os Emirados Árabes estão liderando o índice de maturidade global”, completou.
Kátia Marsicano (MTb DF 3645)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas
Fonte: Embrapa