Em entrevista exclusiva, Alexandre Garcia fala sobre cenário para o agro sob o contexto da pandemia
O jornalista Alexandre Garcia é um dos principais comunicadores do País, com uma trajetória premiada de 50 anos na imprensa brasileira, notadamente no jornalismo político, em veículos como Jornal do Brasil, Revista Manchete, TV Manchete e TV Globo. Hoje, atua em mais de 300 emissoras de rádio, com comentários diários, e escreve semanalmente para 35 jornais e duas revistas.
Sua atuação nas redes sociais também é intensa – no Youtube, reúne mais de 1,5 milhão de inscritos; no Twitter, são 2,6 milhões de seguidores, e no Instagram, tem mais de 700 mil seguidores.
No dia 6 de julho, em que começa a AgroBrasília Digital, o jornalista profere a Palestra Magna, sobre macroeconomia do agro na era pós-pandemia de Covid-19, às 9 horas, com transmissão na plataforma digital.agrobrasilia.com.br.
Em entrevista concedida à assessoria de comunicação da Feira, o jornalista fez uma breve análise do cenário que se desenha para o agro sob o contexto das mudanças que ocorrem no mundo, em razão da pandemia do novo coronavírus.
Confira o ponto a ponto.
Oportunidade
“A grande oportunidade que o agro tem é agora nessa pandemia. Os demais setores da economia foram profundamente atingidos pela crise decorrente do novo coronavírus, como indústria, serviços, comércio. O agro não tem como ser atingido na sua base, que é, essencialmente, a produção de alimentos. É também o momento que o agro pode demonstrar seu poder político, já que o Brasil depende das divisas trazidas pelas exportações de alimentos. É por meio do exercício de força política que poderão ser corrigidas as distorções que atingem o setor, como os juros altos dos financiamentos, as fragilidades do seguro rural, a relação difícil com os bancos, os gargalos de infraestrutura e de escoamento da produção.”
Posicionamento político do agro
“A bancada do agro no Congresso Nacional é muito grande, mas o poder político do agro está aquém do seu potencial. O setor padece por causa da visão distorcida da sociedade e da mídia sobre o meio rural, que desconhecem a origem do que comem e usam em suas vidas. Para melhorar esse cenário, é preciso haver maior união, uma visão de conjunto do setor. Existem corporações muito unidas, como a dos advogados, que defende os profissionais das agressões. No agro, por exemplo, não tem a mesma reação no caso de invasão de propriedades. Ninguém faz nada quando isso acontece, alguns até aplaudem invasores. União é o que trará força à defesa dos direitos e garantias.”
Mundo pós-pandemia
“Evito fazer previsões a respeito do mundo que emerge no pós-pandemia, mas a crise mostrou que é preciso fazer ajustes nas estratégias do setor. Um deles relaciona-se à diversificação de mercados, para que o agro não fique dependendo de um só comprador externo. No mercado interno, se restar disso tudo o medo das pessoas, vai ter que haver estudos sobre mudanças na distribuição, no varejo. Certos segmentos, como a floricultura, tiveram queda, pois os eventos foram suspensos. Por outro lado, o mercado de frutas, atingido agora por causa da diminuição dos fretamentos aéreos, promete ter um crescimento, porque as pessoas receberam apelos de saúde que se relacionam a alimentos mais próximos do natural.”
Superação da crise
“Em crises passadas, o agro impulsionou o País a vencer as dificuldades. Dessa vez é diferente. Explico: a responsabilidade é ainda maior. Superamos a recessão do governo Dilma, passamos pela greve dos caminhoneiros. Agora, é o momento de o agro se firmar e também fazer a sua parte pelo Brasil. Não tenho a menor dúvida de que se fôssemos medir patriotismo dos brasileiros, o maior grau seria encontrado no campo. É momento de converter esse patriotismo em ações efetivas, em realidade, e fazer pelo País a parte que cabe ao campo.”
Foto: Divulgação.